Existe uma Verdade a ser alcançada, descoberta, entendida, a Verdade por trás das leis da natureza, do cosmo, que não podem ser mudadas, a Verdade que pertence ao autor dessas regras. O pensamento livre pode nos levar até ela, sem dogmas humanos, através de uma reflexão sobre o que é imanente e transcendente; divino e humano e inclusive político e religioso, afinal, a realidade é apenas uma.
“22 A
candeia do corpo são os olhos; de sorte que, se os teus olhos forem bons, todo
o teu corpo terá luz;
23 Se,
porém, os teus olhos forem maus, o teu corpo será tenebroso. Se, portanto, a
luz que em ti há são trevas, quão grandes serão tais trevas!” Mt 6:22-23.
Em todo
tempo queremos estar bem, bem no corpo, bem na alma, bem na mente, no espírito,
bem conosco, com os outros, com Deus, enfim, todos nós queremos estar e nos
sentir bem em todos os sentidos. Estar bem, significa estar em paz, com saúde,
felicidade, amor, tranquilidade! Quem não quer estar ou ser assim? Olhar e ver,
pode ser e é um bom começo. Alguns dizem que os olhos são a janela da alma, em
outras palavras, a maneira como você vê o mundo, mostrará ao mundo quem você é.
Ainda que você tenha uma deficiência como a cegueira. Bartimeu, sendo cego,
"viu" Jesus passar e o reconheceu como o Messias, a ponto de chamá-lo
de Filho de Davi, mostrando assim, que cria na linhagem real de Jesus.
Tem gente
que mesmo diante de uma boa oportunidade, dependendo da situação, vê a chuva,
acha horrível e se esconde dela, outros, na mesma situação acham o máximo e vão
tomar banho. Não foi à toa que Cristo disse: “Terão olhos e não verão.” Não
verão, nem verão, nem inverno, ou outono, quem dirá a primavera! Quantos de
nós, tendo olhos, não vemos e não exercitamos a nossa visão a procurar o bem e
o que é bom? No começo, assim que nascemos, abrir os olhos pode ser difícil e
chega até a doer, assim como sair de um ambiente escuro para um iluminado, mas
nada como a persistência, a coragem, a vontade e o exercício e nos acostumamos
a proteger nossa visão quando é preciso e olhar para tudo ao nosso redor com
muita naturalidade. Mas e os olhos da alma, do coração? Será que estão numa
mesma sintonia?
Jesus
passa ao nosso lado, fala conosco, rodeia-nos com pessoas, palavras,
ensinamentos, músicas, dias chuvosos, ensolarados, com conversas,
conhecimentos, relacionamentos, oportunidades de ajudar ao próximo, de ouvir a
palavra de Deus, de conhecê-lo mais, mas não o vemos, pois os nossos olhos
estão ocupados demais com os lixos, os ciscos e as poeirinhas que encontramos
no caminho e muitas vezes até o bem que encontramos não o reconhecemos como bem
e o chamamos de mal. Para esse probleminha, Deus tem uma palavrinha: “Ai dos
que ao mal chamam bem, e ao bem mal; que fazem das trevas luz, e da luz trevas;
e fazem do amargo doce, e do doce amargo!” Isaías 5:20
Estamos
ocupados demais, para sermos gratos a Deus pelo bem que Ele nos proveu, só nos
achamos interessantes se estivermos criticando acidamente e antes de tudo e
principalmente deixamos os nossos olhos se encherem de amargura, crítica,
soberba, inveja, murmurações, maledicências... Você pode até pensar: “Fala isso
porque não é com você!” Não percamos tempo comparando nossa grama com a do
vizinho, pois uma coisa é certa: a grama dele pode até parecer mais verde, mas
quem sabe ele não se esforça mais para que isso aconteça, ou seja tudo mera
aparência, ou apenas nossa imaginação? Enfim, por que não olhar para nossa
grama e cuidar dela e deixar a do vizinho em paz?! Se fizermos assim,
certamente a nossa, logo ficará verdinha! Afinal, nada como o olho do dono, não
é mesmo?!
Se os
teus olhos forem bons, eu te pergunto: seus olhos são bons ou você sempre está
vendo maldade, defeitos, erros, escárnios e dificuldade em tudo e em todos? Uma
coisa é precaução, outra bem diferente é em toda situação avessa, você ver e
acreditar no pior. Ou você consegue ver a mão de Deus trabalhando por trás da
situação? Você já parou para limpar a sujeira dos seus olhos que pode estar
arruinando o seu corpo e a luz que existe em você? Se não, tente fazer isso,
faça-o já, antes que todo teu olho, corpo, mente e aquilo que você vê se tornem
trevas tenebrosas e atrapalhe as bênçãos e luz que Deus quer derramar sobre sua
vida, mente e corpo. Quer ter um corpo iluminado? Quer ser luz? Quer ver Jesus
brilhar em você? Tenha bons olhos e veja com o coração, pois como já dizia o
poeta: “O essencial é invisível para os olhos.” Lembre-se que por trás de tudo
o que vivemos e enxergamos está a mão de Deus.
“Porque
Deus não vê como o homem vê, mas Deus vê o coração do homem”.
Amiga, eu acredito que tudo depende da forma como a
gente vê. Olha esta passagem do conto O Espelho, de Machado de Assis (foi tema
da minha monografia de fim de curso...):
“- Nada menos de duas almas. Cada criatura humana
traz duas almas consigo: uma que olha de dentro para fora, outra que olha de
fora para dentro... A alma exterior pode ser um espírito, um fluído, um homem,
muitos homens, um objeto, uma operaolhosção” ( essa alma exterior no conto, aparece
quando vc se olha no espelho ).
Viu só? Uma que olha de dentro para fora, outra que
olha de fora para dentro... Quem olha é a alma através dos olhos.
Suponha que toda a beócia de Constantino se
transforme em verdade e num futuro aconteça o seguinte:
Jesus voltou, os crentes foram arrebatados, o dia
do Juízo Final chegou, os homens que não creram, ainda que justos, foram para
as profundezas do Inferno e os que creram, ainda que sem qualidade alguma,
foram para passar a eternidade ao lado de Deus numa cidade feita de pedras preciosas!
Assim, um monte de ex-crentes vivendo ao lado de
Deus sem ter nada pra fazer pela eternidade e um monte de homens sensatos com o
Lúcifer sendo torturados diariamente por este e seus assistentes!
Moral da estória:
Deus ficaria contente de se ver vencido e ter falho
de forma tão bisonha ao criar o homem e colocá-lo num modelo de Universo falho
para ser pervertido pelo seu ex-assessor?
Ver um monte de almas sofrendo pela eternidade
agradaria a Deus?
Ver um monte de gente de péssima qualidade no Céu
agradaria a Deus?
Ver o Universo falho, a Criação falha, o homem
falho, o Anjo de Luz falho, o processo de salvação falho, seria isso que
agradaria ao espírito todo poderoso da perfeição, o Divino e Potente Deus, feliz?
Ou, quem ficaria feliz com isso são os
incompetentes que se sentiriam vingados daqueles que invejam e querem desdenhar
por pura vaidade e falta de sensatez?
A última forma de vingança que lhes resta, quando
um ignorante pode ser maior do que um homem de verdade...!
Quem realmente pensa com perfeição poderia aceitar
esse modelo?
Sou cristão (mas não sou fruto da criação de Constantino, mas
da Reforma) e concordo com diversos aspectos que disse.
Entretanto, ao tirar a tradição imposta à crença cristã ao
longo dos séculos, sendo muitas delas oriundas de outras crenças e não da
Bíblia, esse resumo que você fez mudaria bastante, seria diferente em muitos
aspectos.
Basicamente seria assim:
Sim, Jesus voltará, não sabemos quando, mas voltará. Haverá o
arrebatamento, que é, nada mais e nada menos, a abreviação do fim. Nada dura
pra sempre, tudo nasce e acaba, com a humanidade não é diferente, um dia terá
seu fim. O arrebatamento apenas acelera esse processo, Deus tira da terra quem
já obteve nível espiritual necessário para viver em outra forma de vida, antes
de morrerem. Os que ficam tem uma segunda chance e um tempo menor para se
desenvolverem (sob pressão, as pessoas trabalham mais e mais rápido).
Este mundo não é o ideal de Deus, mas o próximo será.
Também haverá o Juízo Final, que simplesmente separará as
almas conforme suas escolhas, conforme aquilo que escolheram em vida.
A evolução espiritual humana começa no corpo e termina no
espírito, conforme vemos aqui.
O céu não é um lugar para ficar sem fazer nada, se olhar o
link acima entenderá o porquê, mas o que é céu e inferno, basta dar uma
olhadinha aqui, por favor.
O diabo não será carcereiro do inferno, rsrs, isso é invenção
de Dante, mas será apenas um "detento" como qualquer outro.
Quem evolui espiritualmente vai para céu, quem não evolui vai
para o inferno.
Quem ama vai para o céu, quem não ama fica.
A fé é um fator importante para consolidar essa evolução, é
um reforço importante que torna possível qualquer transformação, a fé torna
possível a ação de Deus em vida, mesmo.
Por favor, leia os links. Eu não coloquei os textos aqui por
falta de espaço, o YR diminuiu o espaço por aqui, respostas muito longas não
cabem mais.
Por que o Antigo Testamento tem tanta violência? Por que Deus era conivente com tantas mortes no Antigo Testamento e até mandava matar? Isso não é contra a Lei de Moisés dada pelo próprio Deus? Afinal, ela diz: “não matarás”, não é assim?
Muitos questionam o modo como a Bíblia descreve atos violentos, mas muitos, entre os mesmos que se espantam com isso, defendem a pena de morte (olho por olho), o aborto e etc. Não estou criticando o aborto, necessariamente, sei que os modernos fundamentalistas consideram pecado criticar o aborto e a homossexualidade, por isso, afirmo: não estou criticando ninguém. Estou apenas dizendo que o aborto é um tipo de morte, só isso.
Mas cada um lida com a morte conforme sua cultura, não é?
Matavam crianças naqueles tempos? O aborto de hoje, idem. Aliás, muitos vão além, pois, mesmo em nossos dias, é comum gente branca de classe abastada defendendo o fuzilamento de crianças de rua, por exemplo.
Nossa realidade não é muito diferente dos tempos antigos, apenas temos valores e métodos diferentes (além de muito mais hipocrisia), mas a violência é a mesma. Aliás, a violência é celebrada em nossos dias, afinal quem quiser uma boa briga e com muito sangue, basta assistir a TV. O que vemos na TV hoje em dia? Temos o MMA (Artes Marciais Mistas), Boxe, filmes do Stallone, animes japoneses e etc. Violência sangrenta a qualquer hora do dia e para todas as idades.
Hoje existem tecnologias que impossibilitam guerras como aquelas do passado, mas a quantidade de conflitos (e a capacidade de destruição), hoje em dia, é muito maior também. Hoje existem bombas atômicas e armas biológicas (vírus), por exemplo. A pena de morte que tantos defendem hoje em dia também é um ato violento (ou não é?). Entretanto, naqueles tempos, a violência era quase toda restrita às guerras, mas hoje é no próprio bairro em que vivemos, pois as drogas nos garantem uma generosa dose de violência e terror no cotidiano.
O ser humano é violento por excelência.
Entretanto, todos concordam que matar não é bom, é algo que deve continuar sendo proibido. Mas é essa proibição o problema, pois o ponto forte de nosso questionamento é o seguinte: Deus, no Antigo Testamento, mandou que seu povo matasse? Será que houve contradição em Deus quando ordenou que descumprissem um mandamento que ele mesmo havia elaborado?
Vejamos.
1. Homem primitivo.
Evolucionismo existe, fato! Darwin não estava errado, nem a Bíblia nega isso (quem quiser ler a respeito, por favor, acesse aqui). Também sabemos que animais brigam por território, fêmeas e comida, não é? Mas se eles tivessem a inteligência de um humano, deixariam de brigar por essas coisas?
Será?
Se somos frutos de uma evolução de espécies, então somos animais também, evoluídos, mas animais. Sendo assim, os primeiros humanos também tinham necessidade de território, comida e procriação, é a defesa desses princípios básicos que garantiram a sobrevivência de nossa espécie, e por consequência, nossa evolução. Apenas quem sobrevive evolui, pois possui descendentes.
Isso se chama Seleção Natural.
Sempre houve conflitos, e é graças aos primeiros conflitos que nos fortalecemos como espécie.
É duro constatar isso, é triste, é chato, sim é. Mas é um fato.
É difícil defender o evolucionismo e negar isso. Nós surgimos como humanos antes da civilização, logo, o homo sapiens não nasceu civilizado, mas tornou-se civilizado.
Trazemos em nosso corpo as características de nossos ancestrais até hoje, por isso que os homens são normalmente maiores e mais fortes fisicamente que as mulheres, pois foi feito pra lutar, caçar, garantir a sobrevivência de sua espécie no braço (várias espécies de animais também são assim, isso é comum no mundo natural). É por isso, também, que normalmente são os homens que gostam de ver lutas na TV e são a grande maioria dos fãs de Rambo e afins. Games, gibis, filmes, seriados voltados para o público masculino são violentos, tem que ser, entretanto, essas mesmas coisas, quando voltadas para o público feminino, são bem diferentes.
Isso são vestígios de nosso instinto de caçador e guerreiro, de quando a sobrevivência de nossa espécie era defendida no braço literalmente, quando ainda não havia civilização, ou seja, usando a linguagem bíblica, quando ainda éramos CARNAIS.
Carnal significa quando alguém não é regido predominantemente pela razão, mas em grande parte por instintos e desejos (como um bicho). A disciplina e controle do corpo e das vontades é que caracterizam uma pessoa evoluída.
Deus sabe de tudo isso.
Então, voltando a falar dos personagens bíblicos, como lidar com um povo primitivo, ignorante e semisselvagem?
A Bíblia, no início do Antigo Testamento, tem como objetivo principal ensinar princípios básicos de civilidade, o objetivo do Antigo Testamento não é discutir Nietzsche, Max Weber ou Platão, mas o bê-á-bá da civilização, ou seja, era ensinar o povo a se comportar como gente.
Olho por olho e dente por dente é a pena de morte que conhecemos (que muitos, aliás, desejam para os dias de hoje também) e é um princípio básico e primitivo de justiça que só poderia ser praticado e assimilado por um povo igualmente primitivo. Uma característica curiosa sobre o modo como Deus transmitia suas leis é a seguinte: ele não as explicava quando as transmitia, apenas mandava que fizessem assim ou assado e pronto, pois não havia como o povo entender a finalidade da maioria de suas leis.
Observemos uma mãe quando educa seu filho, ela cria inúmeras regras para que a criança siga, mas a criança não entende a maior parte dessas regras, apenas obedece, pois o mundo na mente de uma criança é bem mais simples.
A ideia no Antigo Testamento é a mesma.
O Antigo Testamento é Deus falando com crianças, apenas isso, ensinando-as a desenvolverem-se como pessoas civilizadas.
A humanidade era recente no mundo.
Olhe só algumas leis interessantes: Deus dizia que o povo não podia defecar no acampamento, mas fora dele e deviam enterrar tudo, por isso, andavam com uma ferramentinha para cavar amarrada à cintura (eles nem sabiam o porquê de uma proibição assim, mas obedeciam). Deus também dizia em qual período a terra deveria ser cultivada e o período que não deveria, inclusive dizia para mudar o tipo de cultura a ser cultivada, sendo em uma época um tipo de cultura e em outra época outro tipo de cultura. Sabemos que esses princípios na agricultura são usados até hoje, pois garantem o descanso da terra.
Assim, vemos que as leis de Deus tinham como objetivo principal garantir a sobrevivência do povo, sua saúde, alimentação e o básico de moralidade, por isso havia leis sobre saneamento básico, agricultura e uma ideia primitiva de justiça.
No mais, era o mesmo de sempre, guerreavam por terras, comida e procriação.
Porém isso é apenas na primeira metade do Antigo Testamento, quando observamos os livros dos profetas, por exemplo, então a complexidade dos ensinamentos começa a aumentar significativamente, sem mencionar livros como Eclesiastes, por exemplo, cuja complexidade confunde até erudidos modernos. Assim, os conceitos evoluíram e ampliaram-se até que, no Novo Testamento, a mensagem de Deus se completou.
Essa é a mais evidente diferença entre Antigo Testamento e Novo Testamento, pois no Novo Testamento os conceitos complicam-se bastante, os ensinamentos não são mais apenas “leitinho” (esse é um termo utilizado pelo apóstolo Paulo quando questiona os primeiros cristãos sobre a lentidão deles em assimilar o evangelho, ele diz que não podem viver pra sempre de leite, mas precisam de alimento sólido, também). Observe:
“Leite vos dei a beber, não vos dei alimento sólido; porque ainda não podíeis suportá-lo. Nem ainda agora podeis, porque ainda sois CARNAIS”. 1 Co 3.2
A prática do amor ágape pregada por Jesus é um conceito tão complexo que até hoje é difícil alguém que de fato entenda sua profundidade e abrangência.
Mas isso justifica tanta violência no Antigo Testamento? Violência nunca é justificada, mas o que esperar de um povo primitivo? Não é o mesmo hoje? No Antigo Testamento há apenas relatos de fatos reais, fatos históricos. É a realidade pela realidade, apenas isso.
Deus lida com o ser humano a partir da própria estrutura humana, o homem não é divino, por isso Deus lida conosco a partir daquilo que somos e nos mostra o que podemos ser. Deus age conforme o estágio evolutivo que estivermos também, seja físico, mental, moral ou espiritual. O conhecimento que Deus tem do ser humano é pleno, por isso ele age conforme nosso jeito de ser. É por isso que muitas de suas atitudes, mandamentos ou conceitos só podem ser entendidos agora (a evolução das espécies é um desses conceitos), pois só agora temos condições de entender por que Deus fez algumas coisas deste ou daquele modo. Entretanto, convém lembrar que o amor de Deus sempre esteve presente, mesmo no passado, mas a expressão desse amor era limitada pela capacidade de compreensão do homem daqueles tempos.
2. Seleção Natural na ação divina.
Guerras nos primeiros tempos nada mais eram que darwinismo explícito: Seleção Natural, a sobrevivência do mais forte ou do mais apto. Podemos ver no mundo animal que muitos machos quando assumem um harém, a primeira coisa que fazem é matar os filhotes de seu antecessor, pois se ele é o vencedor, o mais forte, então são seus genes que devem prevalecer na posteridade, o mesmo ocorre com alguns primatas.
No passado, vemos diversas vezes o vencedor de uma guerra, além de matar seus inimigos, matar os filhos destes, apenas as mulheres eram poupadas (às vezes nem elas).
Seleção Natural, só isso.
A Bíblia também contém relatos desse tipo, mas refere-se principalmente ao povo de Israel, mas no resto do mundo podemos observar que também havia essa “seleção natural”. Mas há algo curioso a observar: quando a Bíblia fala dos judeus, sempre mostra Deus interferindo a favor deles, mesmo quando matavam. Isso significa que aos judeus foi destinada uma evolução maior, por isso, deviam sempre viver?
Não, não é isso.
No caso dos judeus havia outro fator a ser considerado.
3. Deus faz distinção entre os povos?
Imagine uma guerra onde há certo general comandante de uma divisão, mas em dado momento, por ocasião dos combates, todos os meios de comunicação ficam indisponíveis (o general ficou sem e-mail, telefone, código Morse e etc.), mas ele precisa enviar uma mensagem muito importante ao presidente, pois descobriu algo que garantirá a vitória de seu país nesta guerra.
O que ele faz?
Ele usa um mensageiro, um militar de sua confiança. É evidente que ele não mandará esse mensageiro sozinho e desprotegido, pois caso faça isso, a mensagem não chegará ao seu destino e, pior, o inimigo poderá tomar posse dela. Por isso, a esse mensageiro é destinado uma escolta armada e bem treinada para protegê-lo.
A sobrevivência do mensageiro é que garantirá o fim da guerra.
O povo de Israel era o mensageiro, Deus é o general que pessoalmente deu a mensagem e também é o responsável pela escolta armada e bem treinada.
Essa mensagem devia chegar até Jesus e dele para todo o mundo, assim acabaria a guerra.
Acabou a guerra?
Ainda não, mas acabará.
Tem certeza?
Sim, mais adiante falaremos sobre isso.
Deus garantiu e vigiou o progresso de seus ensinamentos até que se completassem com Jesus Cristo. Deus escolheu um povo inteiro como depositário fiel de sua mensagem, não havia como atribuir a apenas um homem essa tarefa (óbvio), por isso escolheu um povo e o protegeu até que tudo estivesse pronto. Assim, após Jesus (e por causa dele), todos os que acreditam e aceitam essa mensagem (judeus ou não) também passam a serem depositários dela.
Hoje não é apenas o povo judeu o mensageiro, mas todos os que acreditam e aceitam a mensagem de Deus tornam-se mensageiros e, como tais, também gozam de sua proteção armada.
Observe o que diz o apóstolo Paulo em Gálatas 3.5-9:
“(...) É o caso de Abraão, que creu em Deus, e ISSO lhe foi imputado para justiça. Sabei, pois, que os da fé é que são FILHOS de Abraão. Ora, tendo a Escritura previsto que Deus justificaria pela fé os gentios, preanunciou o EVANGELHO a Abraão: EM TI, SERÃO ABENÇOADOS TODOS OS POVOS. De modo que os da fé são abençoados com o crente Abraão.”.
Israel é descendente de Abraão pela carne, nós, gentios, também somos descendentes, mas pela fé. Todos os que creem são filhos de Abraão, pois a palavra evangelho significa: “boas notícias” e a boa notícia foi dada a Abraão quando Deus lhe disse: EM TI, SERÃO ABENÇOADOS TODOS OS POVOS.
Abraão e Isaque
No passado e no presente, Deus protege a todos que são dele e pela fé obtemos essa proteção (para entender melhor essa questão sobre fé, sugiro ler este texto).
Deus defende quem optou por ser dele voluntariamente (pela fé). Deus ajuda a quem o busca. Quando Israel pedia ajuda, Deus ajudava. O mesmo vale para qualquer um hoje, qualquer um que voluntariamente aceitou ser depositário de sua mensagem.
Por causa dessa proteção de Deus em relação ao seu povo, muitos questionam a morte dos primogênitos no Egito nos tempos de Moisés, quando o povo de Deus era escravo no Egito. De fato, foi um episódio triste, mas Deus, como sempre, defendeu seu povo, mas nunca teve a intenção de agir com violência, pois Moisés pediu amigavelmente ao faraó que libertasse o povo, mas o faraó disse não. Depois, através de Moisés, Deus mandou a primeira praga e novamente o pedido de liberdade e novamente a negativa do faraó. O mesmo ocorreu com a segunda praga, com a terceira e sucessivamente. Deus deu ao faraó nove chances, nove avisos, nove pedidos de liberdade. A décima praga foi a gota d'água, o recurso extremo diante da dureza do coração de faraó. Foi uma medida drástica, porém necessária. (Êxodo cap. 7 ao 15).
Mas não foi Deus quem endureceu o coração do faraó?
Ai é que tá, não foi.
Deus é Senhor soberano de tudo, o criador. Óbvio que tudo que acontece está dentro de sua vontade ou permissão. Deus optou por dar liberdade ao homem, logo, ele é responsável pela consequência das atitudes do homem. Assim, se alguém resolve usar seu livre-arbítrio para assassinar alguém, Deus é culpado pelo assassinato, pois foi ele quem deu o livre-arbítrio. Ou seja, Deus poderia evitar esse assassinato, poderia anular o livre-arbítrio, mas não faz, pois a liberdade humana é total.
Vemos isso na história de Jó, pois o diabo faz o mal a Jó com a permissão de Deus (Jó Cap.1 e 2), não foi Deus quem fez o mal. Porém no cap. 42 do livro de Jó, o texto diz que foi ele quem fez o mal.
Deus, na verdade, apenas assume a responsabilidade acerca do mal que outros fazem.
Pragas do Egito
Deus poderia ter “amolecido” o coração do faraó, poderia ter mudado a natureza dele, mas isso anularia a personalidade do faraó, tiraria sua liberdade de ser quem quisesse ser. Deus, então, permitiu que o coração do faraó fosse duro, por isso ele diz: “Eu endureci o coração do faraó”. A maldade e teimosia fazia parte da natureza do faraó, era algo dele mesmo, não foi Deus quem o tornou daquele jeito. Nesse episódio, Deus não foi cruel ou injusto, mas agiu conforme as características do próprio povo egípcio, não podia ser de outro jeito.
Mas, de qualquer modo, pessoas morreram e foi Deus quem matou. Mas um de seus mandamentos diz: não matarás. Não é?
4. Mandamentos e princípios
A Bíblia contém mandamentos ou princípios?
Qual a diferença entre um e outro?
Mandamentos referem-se a normas que não podem ser quebradas.
Princípios referem-se a conceitos que servem como guias à moral e à ética, são aplicados conforme às situações e ao bom senso das pessoas.
Assim como uma mãe que ama seus filhos impõe-lhes regras para protegê-los, exemplo: não mexer com faca, não colocar o dedo na tomada e etc., no Antigo Testamento, os mandamentos também tinham esse objetivo, que era proteger o povo, pois Deus os amava.
Entretanto, quando uma pessoa cresce e se torna adulta, então as proibições da infância perdem o sentido, pois se antes não podia mexer com faca, ao tornar-se adulto, pode ser açougueiro e manusear facas; se antes não podia mexer na tomada, como adulto pode ser eletricista e etc.
Os perigos ainda existem, a faca ainda é perigosa, assim como a eletricidade, mas um adulto sabe o que fazer. Por isso, para um adulto, não há mais proibições, apenas medidas de segurança (princípios).
O Antigo Testamento e o Novo Testamento contêm na verdade princípios, mas apenas um mandamento: o amor. Pois quem ama o próximo, então não irá roubá-lo, matá-lo, explorá-lo e etc. Mas no Antigo Testamento, tendo em vista a menor compreensão por parte do povo, então, os princípios foram aplicados como leis. Os profetas e alguns reis compreendiam a limitação da Lei, mas o povo não.
Observe o que diz o apóstolo Paulo em Gálatas 2.16: “sabendo, contudo, que o homem não é justificado por obras da lei, e sim mediante a fé em Cristo Jesus, também temos crido em Cristo Jesus, para que fôssemos justificados pela fé em Cristo e não por obras da lei, pois, por obras da lei, ninguém será justificado.”.
Deus sempre age a partir da natureza e limitações humanas, por isso, as mortes no Antigo Testamento não poderiam ser evitadas, mas a paz plena em amor, sempre foi o objetivo inicial de Deus, pois essa é a mensagem de Cristo e também é a mensagem que seus mensageiros (os verdadeiros) de hoje transmitem.
Não matarás é um princípio, pois não devemos matar, mas ao corrermos risco de morte, a autodefesa pode levar nosso agressor ao óbito. Assim, o núcleo desse princípio é que a morte nunca é o objetivo, mas pode tornar-se uma consequência necessária quando nossa vida ou de alguém querido estiver em risco, por exemplo.
Mas ainda permanece uma dúvida: havendo paz, a evolução biológica humana é interrompida? Ou seja, não haverá mais seleção natural para a espécie humana?
5. Evolução espiritual
Todas as guerras no tempo antigo tinham a seleção natural como uma consequência esperada (mesmo que eles próprios não tivessem consciência disso). O objetivo da Bíblia ao mostrar as guerras é apenas provar isso e deixar claro que Deus não se opõe, pois foi necessário NAQUELES tempos.
Conforme dito anteriormente, a civilização estava começando, não é? Assim, a barbárie foi inevitável em um mundo primitivo (assim como é no mundo animal), mas com o desenvolvimento da civilização, tudo muda, pois a civilização também é uma forma de evolução.
Ética e moralidade fazem parte de qualquer cultura humana, pois são conceitos puramente lógicos, pois, (independentemente da cultura) ninguém quer morrer assassinado, logo, matar é proibido; ninguém quer ter seus bens roubados, logo, roubar é proibido e assim sucessivamente. Os primeiros humanos estabeleceram a importância da ética e da moralidade para que a civilização firmasse suas bases e evoluísse. Essa ética é muito semelhante às Leis de Moisés (nem poderiam ser diferentes, pois são conceitos lógicos), pois essas Leis também visavam estabelecer os princípios de civilidade ao povo judeu para garantir a sobrevivência deles, porém, no caso do povo judeu, também visavam outra coisa: estabelecer as bases para a mensagem de Deus que se completaria com Jesus Cristo.
Assim, a partir da lei de Deus ou da ética humana, concluímos que em um mundo totalmente civilizado, guerras são desnecessárias.
Mas quando acabam as guerras, a Seleção Natural termina?
Parcialmente.
Acaba a evolução?
Não.
A evolução que Deus concede e espera da humanidade, hoje em dia, é espiritual.
Para um povo primitivo, aplicam-se normas simples e primitivas, mas para um povo evoluído, então, tudo muda.
Jamais podemos cobrar de um adulto o que é exigido de uma criança, além disso, nós humanos não pretendemos mais continuar semelhantes a um bicho, pois somos civilizados. Um povo civilizado possui valores morais e éticos e mais do que isso, possui sentimentos evoluídos e definidos também.
É difícil para um ser primitivo deixar de pensar em si apenas ou em seus desejos de forma exclusiva, mas uma pessoa evoluída consegue isso e ainda pode pensar no bem estar de seu semelhante, pois seu “mundinho” não está apenas ao redor de seu próprio umbigo, mas sua percepção é bem mais ampla. (por isso que os conceitos de Jesus são complexos, pois necessitam de uma ampla visão para ser compreendidos, uma visão muito além de nós mesmos).
Graças a valores éticos e morais evoluídos que é possível a evolução e expansão de sentimentos como: amor, compaixão, misericórdia e etc. Graças a esses sentimentos é que a evolução humana passou a tomar outro rumo.
No Antigo Testamento, Deus mostrou a evolução humana a partir do ponto de vista natural.
No Novo Testamento, porém, o ponto de vista é outro, é o ponto de vista espiritual e é esse o último passo evolutivo a ser dado pela humanidade.
Graças a sentimentos evoluídos como amor e compaixão humana, aliados a recursos tecnológicos e sociais de hoje, podemos ver que quando uma pessoa nasce cega, ela não é descartada, mas sobrevive; se nasce com alguma outra deficiência física ou alguma deficiência mental, idem (em tempos passados seriam descartados). Se todos sobrevivem, então a Seleção Natural é eliminada totalmente, pois todos os tipos de genes são transmitidos às gerações seguintes.
Isso é ruim? Não, não é, pois, como seres evoluídos, nossa consciência vai além da existência natural.
Deus nos fez à imagem e semelhança dele, sendo Deus espírito (não possui e não necessita de corpo), então essa semelhança é espiritual e não física, assim, Deus nos concedeu uma existência espiritual também, mas manteve nossa existência natural herdada de nossos ancestrais primatas. Assim, nós temos duas naturezas: uma natural e outra espiritual. É isso que nos torna humanos (se leu os links com informação adicional no decorrer do texto até aqui, então creio que isso ficou bem claro).
Quando Deus nos fez “alma vivente”, ele interferiu em nossa estrutura física. Essa interferência acelerou nossa evolução biológica. Já reparou a enorme diferença entre o homem e os demais animais? Dizem que o animal mais inteligente, evoluído e mais próximo geneticamente de nós é o chimpanzé, ele inclusive tem pouco mais de 90% de nossos genes, entretanto, ainda habita árvores na selva, o homem, porém, já caminhou sobre a lua.
A diferença é absurda.
Estamos no ápice, no topo.
Mas se nossa natureza física foi “turbinada”, e nossa natureza espiritual?
É por isso que existe a Bíblia, também.
Através das regras morais e éticas, o desenvolvimento da civilização é garantido e, por consequência, o desenvolvimento da razão e a expansão da cosmovisão humana são garantidos também, pois ao amar o próximo, o mundo amplia-se, pois deixa de girar apenas ao nosso redor. Nossa percepção da realidade amplia-se grandemente quando não está centralizada apenas em nós. É essa amplitude da mente humana que nos permite ver a Deus e entendê-lo. É essa amplitude que nos permite compreender o que Deus quis dizer com o fruto proibido (leia aqui, por favor), é aí que entendemos a dimensão de nossa liberdade e o modo de alcançar a evolução espiritual, é assim que poderemos entender a mensagem de Cristo, também. A diferença entre Seleção Natural e o nosso próximo passo evolutivo é que este último passo é voluntário.
Não somos mais animais, não somos mais crianças, então não precisamos mais de regras ou de um sistema evolutivo arbitrário, mas temos condições de decidirmos para onde queremos ir ou se permanecemos onde estamos.
O que é o céu? É o lugar dos bonzinhos?
Não é esse o critério que Deus exige para o céu.
Observe aqui e veja que a maturidade formada através da pureza é que nos deixa em condições plenas de decidir conscientemente.
Mas qual o resultado final dessa evolução espiritual?
Observe o que diz o Salmo 82 no Antigo Testamento:
“1 Deus assiste na congregação divina; no meio dos deuses, estabelece o seu julgamento.
2 Até quando julgareis injustamente e tomareis partido pela causa dos ímpios?
3 Fazei justiça ao fraco e ao órfão, procedei retamente para com o aflito e o desamparado.
4 Socorrei o fraco e o necessitado; tirai-os das mãos dos ímpios.
5 Eles nada sabem, nem entendem; vagueiam em trevas; vacilam todos os fundamentos da terra.
6 Eu disse: SOIS DEUSES, SOIS TODOS FILHOS DO ALTÍSSIMO.
7 Todavia, como homens, morrereis e, como qualquer dos príncipes, haveis de sucumbir.
8 Levanta-te, ó Deus, julga a terra, pois a ti compete a herança de todas as nações.”
Observe o comentário que Jesus Cristo fez acerca do versículo 6 desse Salmo em João 10.30-35:
“Eu e o Pai somos um.
Novamente, pegaram os judeus em pedras para lhe atirar.
Disse-lhes Jesus: Tenho-vos mostrado muitas obras boas da parte do Pai; por qual delas me apedrejais?
Responderam-lhe os judeus: Não é por obra boa que te apedrejamos, e sim por causa da blasfêmia, pois, sendo tu homem, te fazes Deus a ti mesmo.
Replicou-lhes Jesus: Não está escrito na vossa lei: Eu disse: sois DEUSES?
Se ele chamou deuses àqueles a quem foi dirigida a palavra de Deus, e a Escritura não pode falhar (...).”
Esse é o resultado do último passo evolutivo. Mas não é o último passo da humanidade, mas de cada pessoa INDIVIDUALMENTE, pois é um ato voluntário.
Mas, essa evolução espiritual pode transformar o homem em um deus igual a Deus?
Não, não é isso. Refere-se a algo fora da nossa capacidade de compreensão.
Imagine um físico nuclear tentando explicar física quântica ao seu filho de quatro anos, é óbvio que omitirá inúmeros detalhes sobre essa ciência, simplificará absurdamente o conceito. É óbvio ainda que, mesmo assim, o garotinho terá dificuldades em imaginar tal conceito na prática.
O mesmo se aplica a céu e inferno. Esses “lugares” estão fora de nossa realidade conhecida, não há referências em nosso mundo para guiar-nos em nossa compreensão. É por isso que a Bíblia nunca faz uma descrição precisa desses conceitos, pois nos foge a capacidade de entendê-los, apenas nos informa que existem.
Mas uma coisa é certa, Jesus disse: “sois deuses.”