A adversidade na natureza
Dizem que na história da Terra
houve várias catástrofes que resultaram em extinções em massa. Em
cada grande extinção desse tipo, apenas as espécies mais
capacitadas sobreviviam.
Em outras palavras, apenas os
melhores genes eram passados a diante.
Existe um fator parecido com as
grandes queimadas que ocorrem nas florestas. Em 2019 a queimada na
Amazônia teve uma abordagem extremamente sensacionalista por parte
da imprensa, mesmo sendo um evento que ocorre todo ano desde que a
Amazônia existe. Com certeza vai ocorrer em 2020 também, mas a
questão importante a ser observada aí é a finalidade da queimada:
Ela fortalece a floresta.
Na África há regiões de
grande seca em determinada época do ano, onde muitos animais morrem
e somente os mais fortes e melhor adaptados sobrevivem e, por
consequência, ocorre apenas a sobrevivência dos melhores genes, e
são esses genes “selecionados” que garantem a manutenção e a
sobrevivência dessas espécies.
O que quero dizer com isso?
A adversidade na vida do
Homem
A adversidade faz parte da
natureza, faz parte da vida e produz purificação e fortalecimento a
quem sobrevive a ela.
Por que seria diferente conosco?
Veja
um exemplo simples: A escola pra muitos foi (ou é) uma época
difícil, nem sempre era fácil se relacionar com outras
crianças/adolescentes, também sempre havia aqueles que tiravam
sarro de nós, aqueles que diziam: “vou te pegar na saída!”,
aquelas brincadeiras sem graça de dar cascudos e etc. Pra muitos,
isso na verdade era até divertido, pra outros entretanto era o
inferno na Terra. Eu venho de uma geração onde isso tudo era
considerado normal e parte da vida estudantil. Briguei várias vezes
na escola, apanhava, batia e a vida seguia seu rumo, minha mãe nem
ligava (a mãe de ninguém ligava).
Pra
muitos esse foi o primeiro contato com a adversidade, e como
tal serviu para adquirir experiência de vida.
Por
isso que as gerações de trinta e cinco anos de idade ou mais
costumam ter uma postura mais firme e decidida diante da vida (não
tem tanto nutella).
Crianças
extremamente protegidas pelos pais, tornam-se, em via de regra,
pessoas fracas e incapazes de lidar com as lutas da vida adulta. Não
sabem lidar com a rejeição, com a perda, com a derrota, com o
confronto e etc e, por consequência, são engolidos pelo “mundo”.
São pessoas que, em sua maioria, inconscientemente, acreditam que o
mundo é igual ao apartamento onde foram criados, um ambiente
controlado, onde os pais têm solução pra tudo.
Os
pais não tem esse poder e o mundo jamais será um ambiente
controlado, razão pela qual muitos tiram a própria vida, pois não
conseguem lidar com isso.
A
adversidade faz parte da vida, simples assim.
Lei
da selva
Sabe
como é a vida de um leão macho selvagem?
É
mais ou menos assim: a maior parte morre quando ainda é filhote e
aquele que consegue sobreviver tem que aprender a caçar logo, pois
antes de se tornar adulto, será expulso de seu bando pelo macho
alfa. Após a expulsão, esse leãozinho vaga pela savana durante
anos sozinho ou em grupos pequenos de outros leões machos jovens,
sem território próprio e com a caça bem restrita, pois a melhor
parte das caças ficam com os bandos. Quando finalmente está forte e
confiante, então pode desafiar algum macho alfa para tomar seu bando
pra si. Se tiver sorte, então finalmente terá um lugarzinho pra
ficar e poderá passar seus genes para a próxima geração, pois
conquistou esse direito. Mas se perder, então morre e é devorado
pelo leão vencedor.
Vida
difícil, né?
E
se um leão adulto, grande e forte, porém domesticado, for jogado na
selva, o que acontece com ele?
Morre
em poucas semanas de fome e só. Ele não aprendeu a caçar, não
aprendeu a lutar, não aprendeu a encarar a selva, nem sabe o que ela
é.
A
existência humana não é muito diferente disso, tem muito adulto
forte e saudável, porém domesticado, que não sabe como encarar a
vida e, por isso, é engolido por ela.
Não
me refiro a ser uma pessoa selvagem, acredito que isso está óbvio,
mas estou falando sobre estar preparado para a vida, e isso começa
cedo. Sei que muitos papais e mamães vão discordar de mim, mas
quando tiverem um filho adulto e problemático para cuidar, aí vão
entender o que quero dizer, mas será tarde.
Muito
bem, esta é a nossa caminhada na Terra, mas e Deus nessa história?
Veja
bem, após uma vida difícil neste mundo, finalmente conhecemos o
evangelho, então tudo muda?
Tudo
fica mais fácil?
Sim
e não.
Deus
cuida de nós
Mateus
7.7-11: “7
Pedi, e dar-se-vos-á; buscai, e encontrareis; batei, e
abrir-se-vos-á. 8 Porque, aquele que pede, recebe; e, o que busca,
encontra; e, ao que bate, abrir-se-lhe-á. 9 E qual dentre vós é o
homem que, pedindo-lhe pão o seu filho, lhe dará uma pedra? 10 E,
pedindo-lhe peixe, lhe dará uma serpente? 11 Se vós, pois, sendo
maus, sabeis dar boas coisas aos vossos filhos, quanto mais vosso
Pai, que está nos céus, dará bens aos que lhe pedirem?”
Deus
ouve a nossa oração, Ele nos trata como filhos e cuida de nós como
filhos mesmo. Deus não nega seu socorro a quem busca por Ele,
pois o livramento sempre vem.
Mateus
6.31-34: “31
Não andeis, pois, inquietos, dizendo: Que comeremos, ou que
beberemos, ou com que nos vestiremos? 32 Porque todas estas coisas os
gentios procuram. Decerto vosso Pai celestial bem sabe que
necessitais de todas estas coisas; 33 Mas, buscai primeiro o reino de
Deus, e a sua justiça, e todas estas coisas vos serão
acrescentadas. 34 Não vos inquieteis, pois, pelo dia de amanhã,
porque o dia de amanhã cuidará de si mesmo. Basta a cada dia o seu
mal”.
A
Palavra
de Deus nos incentiva a confiar nEle, a resistir à ansiedade, a não
ceder ao desespero, a não sucumbir diante
do
medo, pois essas atitudes destroem a nossa fé, pois nos engana e nos
obriga a pensar que Ele não tem poder para intervir, ou pior ainda,
faz parecer que ele não tem palavra, que sua promessa é falsa.
Isso
é perigoso.
Por
isso o texto diz que basta a cada dia o seu mal, ou seja, pra hoje,
basta o mal de hoje, amanhã é outro dia e Deus proverá, por isso
não nos ocupamos com aquilo que ainda não aconteceu.
Gosto
muito da frase
que o
cantor Juliano Son
disse em um de seus CDs, ao
falar sobre a paz de
Deus:
“A
paz que vem da certeza
de que tudo vai ficar bem”.
Isso
é fé.
E
é por isso que confiamos na Palavra,
que diz em 1
Pedro 5.7: “Lançando
sobre ele toda a vossa ansiedade, porque ele tem cuidado de vós”.
Legal,
né?
Lançar
sobre Deus toda a nossa ansiedade.
Então
nunca teremos dor, nunca haverá choro, será o paraíso na Terra,
certo?
Errado.
Com
Deus existem adversidades?
Deus
criou o mundo e estabeleceu um padrão, que é o aperfeiçoamento
através da adversidade, não tem como fugir disso. Vimos no início
deste texto
quando
falamos sobre queimadas, sobre os leões e
etc.
Isso
significa então
que
Deus,
em relação ao seu povo, abençoa em
certas ocasiões,
mas em outras não? Ou
seja, em algumas ocasiões eles nos deixa na mão, apenas pra ver o
que acontece, é isso?
Com
certeza, não.
1
Coríntios 10.13: “Não
veio sobre vós tentação, senão humana; mas fiel é Deus, que não
vos deixará tentar acima do que podeis, antes com a tentação dará
também o escape, para que a possais suportar”.
As
adversidades, pra
quem não é de Deus, no
mundo, vêm
sem controle algum, onde muitos sucumbem. Para nós, povo de Deus, a
provação vem com um propósito, com
uma
finalidade e nunca é além de nossa resistência.
Veja
bem, a adversidade serve para aperfeiçoamento e
purificação, não é para destruição.
A
adversidade está presente na
natureza, na vida secular
e também
com o povo de Deus, a diferença é que para o “mundo” não há
limites ou controle, onde muitos podem aprender com as experiências
da vida, enquanto outros podem sucumbir com essas mesmas
experiências. Para
o povo de Deus, entretanto,
essas
adversidades não vem de forma aleatória, como numa
roleta russa, elas são permitidas
por Deus visando determinado objetivo. Essas adversidades vem com
diversos livramentos ao longo delas, de modo a torná-las
suportáveis, fazendo com que nosso desenvolvimento e amadurecimento
seja garantido, sem que sejamos consumidos no processo.
Desse
modo as promessas de Deus permanecem, Ele
continua ouvindo nossas orações, continua
rejeitando nossa ansiedade também, pois
o cumprimento de suas promessas segue um tempo determinado, um
momento certo para acontecer, mas sempre acontecem.
A
Palavra de Deus jamais perde seu valor e sua eficácia.
Como
exemplo de aprendizado e amadurecimento, temos a vida de José.
Veja
o que seus irmãos fizeram com ele:
Gênesis
37.23-28: “23
Chegando José, seus
irmãos lhe arrancaram a túnica longa, 24
agarraram-no e o
jogaram no poço, que estava vazio e sem água. 25
Ao se assentarem para
comer, viram ao longe uma caravana de ismaelitas que vinha de
Gileade. Seus camelos estavam carregados de especiarias, bálsamo e
mirra, que eles levavam para o Egito. 26
Judá disse então a
seus irmãos: ‘Que ganharemos se matarmos o nosso irmão e
escondermos o seu sangue? 27
Vamos vendê-lo aos
ismaelitas. Não tocaremos nele, afinal é nosso irmão, é nosso
próprio sangue’. E seus irmãos concordaram. 28
Quando os mercadores
ismaelitas de Midiã se aproximaram, seus irmãos tiraram José do
poço e o venderam por vinte peças de prata aos ismaelitas, que o
levaram para o Egito”.
Depois
de ser vendido como escravo
pelos próprios irmãos, ele ainda
acabou na cadeia de forma
injusta, através de acusações falsas. Mas ao final de tudo, ele se
tornou
governador do Egito, o
segundo homem mais poderoso no mundo conhecido daquela época.
Quando tudo terminou,
José
entendeu o propósito de Deus, pois ele disse o seguinte, em
Gênesis 5.20: “Vocês
planejaram o mal contra mim, mas Deus o tornou em bem, para que hoje
fosse preservada a vida de muitos”.
Quando
José era jovem, ele era mimado, arrogante e egoísta. Que tipo de
governante ele teria se tornado, se não tivesse sido aperfeiçoado?
A
provação produz o bem?
Tiago
1.2-4: “2
Meus irmãos,
considerem motivo de grande alegria o fato de passarem por diversas
provações, 3
pois vocês sabem que
a prova da sua fé produz perseverança. 4
E a perseverança
deve ter ação completa,
a fim de que vocês sejam maduros
e íntegros, sem
lhes faltar coisa alguma”.
A
provação da fé dá início
a um processo que gera a
perseverança, pois perseverança significa esperança persistente,
que gera a capacidade de nunca desistir. Essa perseverança deve ter
ação completa, ou seja, devemos persistir até o final, até
alcançar o objetivo desejado por Deus. O resultado disso, como já
foi dito acima, é para produzir amadurecimento e integridade.
No
passado os pais trabalhavam e as mães ficavam com os filhos, então
havia um relacionamento bem mais próximo das mães e seus filhos e
uma ligação maior dos filhos com os pais através das mães. Muitas
famílias de hoje, porém, não tem esse mesmo contato entre filhos e
seus pais e menos intimidade também, pois o pai e a mãe trabalham e
a criação dos filhos, em via de regra, fica por conta de terceiros.
Isso mina a autoridade dos pais, que para compensar a ausência
tentam satisfazer todos os desejos de seus filhos, criando
“reizinhos” em seus castelos. Essas crianças não são
disciplinadas ou ensinadas por seus pais e, por consequência, não
são preparados para a vida adulta.
Deus
é um pai no modelo antigo, tradicional, verdadeiro e por querer o
bem de seu filho, então o disciplina.
Apenas
bastardos não são corrigidos, pois não são seus filhos.
Veja
aqui em Hebreus 12.5-8: “5
E
já vos esquecestes da exortação que argumenta convosco como
filhos: Filho
meu, não desprezes a correção do Senhor,
E não desmaies quando por ele fores repreendido; 6
Porque
o
Senhor corrige o que ama,
e
açoita a qualquer que recebe por filho. 7
Se
suportais a correção, Deus
vos trata como filhos;
porque, que filho há a quem o pai não corrija? 8
Mas,
se estais sem
disciplina, da qual todos
são feitos participantes, sois então bastardos,
e não filhos”.
Temos
um bom pai que não dá pedra quando pedimos pão e nem serpente
quando pedimos peixe, e esse amor de pai é tão grande, que também
nos disciplina e nos transforma em bons filhos, boas pessoas, bons
cidadãos e nos prepara para a vida, uma vida abundante.
É
isso.
Graça
e paz.
Christian Brito.
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