Este é o segundo texto sobre a perseguição da igreja.
O primeiro é este aqui.
Hoje veremos sobre a perseguição nos últimos dias.
Mas estamos vivendo esses últimos dias?
Ou será que não?
Como saber?
Além disso, Jesus disse que o Reino dos Céus já chegou, marcando uma nova etapa para a humanidade.
Que etapa é essa?
O apóstolo Pedro deixou claro que a descida do Espírito Santo, logo após a ressurreição de Cristo, marcaria o início dessa nova etapa.
Vamos entender isso!
* O conteúdo do presente texto também foi publicado em vídeo no YouTube, em nosso canal, de forma mais resumida. Bem aqui!
1. A perseguição da igreja nos últimos dias
a. Mártires resignados?
Como dito logo acima, este é o segundo texto falando sobre aspectos que envolvem a perseguição da igreja e sabemos que a questão dos “últimos dias” tem muito a ver com a perseguição da igreja.
Muitos pensam que quando chegar esses “últimos dias”, em um futuro distante, então a perseguição será do tipo ferrenha e que nada poderemos fazer a respeito, a não ser nos render passivamente. Ou seja, devemos apenas esperar quietinhos que venham em nossa casa e nos levem presos para morrermos como mártires.
A questão dos mártires é verdadeira, mas tem dois probleminhas aí:
Primeiro: a Bíblia não diz que o povo de Deus é passivo. Pacífico, sim, mas passivo, não!
Pacífico é que aquele que é a favor da paz e que promove a paz, mas é ativo em seu trabalho.
Passivo é o oposto de ativo, ou seja, inerte, inútil!
Não somos passivos, afinal, as portas do inferno não prevalecerão contra a igreja (Mateus 16.18), certo? Isso significa que é a igreja quem avança! Perseguição alguma vai mudar essa realidade, pois, em verdade, é a igreja ativa e batalhadora que provoca essa perseguição.
Segundo: Não está correta a definição, que normalmente é feita, em relação aos “últimos dias”, como se fosse algo que ainda virá, algo para um futuro distante. Como veremos mais abaixo, os “últimos dias” já começaram, já estamos vivendo neles, a perseguição já começou há muito tempo.
b. A missão de ser sal e luz do mundo não foi revogada em Apocalipse
Para que enfim ocorra o “final dos tempos”, então o que falta acontecer é a volta de Cristo e os eventos finais que antecedem essa volta, como o Arrebatamento, a Grande Tribulação e o Anticristo, por exemplo. Entretanto, mesmo que esses eventos ainda não tenham acontecido, o que a Bíblia define como “últimos dias” já está valendo para o presente. Até que o arrebatamento ocorra, a missão de ser Sal e Luz do mundo permanecerá, pois não foi revogada em Apocalipse. Como vimos aqui, a igreja tem por missão influenciar o mundo e lhe dar uma direção.
A missão da igreja não mudou e nem vai mudar!
Se os eventos que precedem a volta de Cristo ocorrerão hoje ou daqui a cem anos, não importa. O que importa é que a igreja deve estar viva e ativa até seu último segundo de vida.
Mas qual a prova bíblica de que já estamos nos Últimos Dias?
2. A descida do Espírito Santo marca o início dos últimos dias
O profeta Joel profetizou sobre a descida do Espírito Santo para um tempo futuro, como vemos aqui:
Joel 2.28-32: “28 E há de ser que, depois derramarei o meu Espírito sobre toda a carne, e vossos filhos e vossas filhas profetizarão, os vossos velhos terão sonhos, os vossos jovens terão visões. 29 E também sobre os servos e sobre as servas naqueles dias derramarei o meu Espírito. 30 E mostrarei prodígios no céu, e na terra, sangue e fogo, e colunas de fumaça. 31 O sol se converterá em trevas, e a lua em sangue, antes que venha o grande e terrível dia do Senhor. 32 E há de ser que todo aquele que invocar o nome do Senhor será salvo; porque no monte Sião e em Jerusalém haverá livramento, assim como disse o Senhor, e entre os sobreviventes, aqueles que o Senhor chamar”.
O texto acima fala que em determinado tempo no futuro, Deus derramaria de seu Espírito para todas as pessoas (tornaria disponível a todos), pois a ação do Espírito Santo, comum em nossos dias, era muito rara naqueles dias, pois apenas poucas pessoas, em ocasiões especiais, é que manifestavam a ação do Espírito Santo e, além disso, só acontecia em Israel.
Em certa ocasião, porém, séculos após a profecia de Joel, os apóstolos estavam pregando em Jerusalém, então eles começaram, pela ação do Espírito Santo, a falar conforme a língua de cada povo presente ali, isso gerou certa confusão na mente dos presentes, pois o lugar virou uma “Babel”.
Ao explicar sobre o que estava acontecendo, o apóstolo Pedro deixou claro que a profecia de Joel estava se cumprindo naquele momento e ainda acrescentou uma informação nova, ele disse que o cumprimento dessa profecia marcaria o início dos últimos dias.
Sendo assim, ficou claro que os “últimos dias” não seriam algo para um futuro distante, como uma profecia ainda não cumprida, mas seria algo que já se cumpriu e que já está valendo para nossos dias, como vemos aqui:
Atos 2.14-21: “14 Então Pedro levantou-se com os Onze e, em alta voz, dirigiu-se à multidão: "Homens da Judéia e todos os que vivem em Jerusalém, deixem-me explicar-lhes isto! Ouçam com atenção: 15 estes homens não estão bêbados, como vocês supõem. Ainda são nove horas da manhã! 16 Pelo contrário, isto é o que foi predito pelo profeta Joel: 17 Nos últimos dias, diz Deus, derramarei do meu Espírito sobre todos os povos. Os seus filhos e as suas filhas profetizarão, os jovens terão visões, os velhos terão sonhos. 18 Sobre os meus servos e as minhas servas derramarei do meu Espírito naqueles dias, e eles profetizarão. 19 Mostrarei maravilhas em cima no céu e sinais em baixo, na terra, sangue, fogo e nuvens de fumaça. 20 O sol se tornará em trevas e a lua em sangue, antes que venha o grande e glorioso dia do Senhor. 21 E todo aquele que invocar o nome do Senhor será salvo!”.
É importante lembrar, que Jesus já havia prometido que enviaria o Espírito Santo após a sua ressurreição (Jo 14.16-17 e Jo 16.7-8). Além disso, como profetizado pelo profeta Joel, o Espírito Santo desceria “antes que venha o grande e terrível dia do Senhor” (Jl 28.31, acima), ou seja, a descida do Espírito Santo, segundo o profeta, estaria, de alguma forma, relacionada com o final dos tempos. E, de fato, estava, pois foi confirmada pelo apóstolo Pedro quando afirmou categoricamente o seguinte: “Nos últimos dias, diz Deus, derramarei do meu Espírito sobre todos os povos” (Atos 2.17, acima).
Ficou claro, portanto, que a descida do Espírito Santo, que marcou o início dos últimos dias, não será um evento para o futuro, mas refere-se a algo que aconteceu nos dias dos apóstolos. Assim, não restam dúvidas, já estamos vivendo nos últimos dias.
Mas não podemos deixar de lado uma frase que é proferida por Joel e repetida por Pedro, que é a seguinte:
“todo aquele que invocar o nome do Senhor será salvo”.
Essa é a maior prova da presença do Espírito Santo em nossos dias: a salvação, pela fé, é uma obra direta do Espírito Santo.
O apóstolo Paulo disciplina bem essa questão em Rm 10. Assim, em Joel (e Pedro) vimos que essa fé salvadora é uma consequência direta do derramamento do Espírito Santo.
Isso significa que a salvação pela fé já está disponível há dois mil anos, como Paulo afirma aqui, ao falar de Cristo: Tito 2.11: “Porque a graça de Deus se manifestou salvadora a todos os homens”.
Porém…
Isaías nos diz que devemos invocar o Senhor enquanto é possível achá-lo (Is 55.6). Como estamos nos últimos dias, então significa que essa salvação não continuará disponível para sempre.
Mas há ainda outro evento que ocorreu naqueles dias…
O Reino dos Céus teve início!
3. O Reino dos Céus
a. O anúncio de João Batista
Mateus 3.1-2: “1 Naqueles dias surgiu João Batista, pregando no deserto da Judéia. 2 Ele dizia: 'Arrependam-se, porque o Reino dos céus está próximo'”.
João Batista tinha uma missão clara: preparar a vinda do Messias, anunciar o seu advento.
A vinda de Cristo era anunciada como sendo a própria manifestação do Reino de Deus para todo o mundo, pois, até então, a manifestação da presença se Deus era quase exclusiva para Israel.
Com Cristo uma nova etapa teve início, pois, de fato, o Reino dos Céus foi revelado a todo o mundo, como vemos a seguir:
b. A confirmação de Cristo
Mateus 10.7-8: “7 E, indo, pregai, dizendo: É chegado o reino dos céus. 8 Curai os enfermos, limpai os leprosos, ressuscitai os mortos, expulsai os demônios; de graça recebestes, de graça dai”.
Com nosso Senhor Jesus Cristo, segundo Ele mesmo, o reino de Deus chegou ao mundo. E através dEle todas as famílias da terra seriam benditas, como prometido a Abraão (Gênesis 12.3).
Como o Reino dos Céus se manifestou neste mundo, evidentemente, o objetivo desse reino não será permanecer perpetuamente em um mundo decaído como o nosso.
Este mundo não é o objetivo final de seu reinado, mas um novo céu e uma nova terra.
Assim, temos dois acontecimentos importantes:
a) A vinda de Cristo, que marcou o início do Reino dos Céus;
b) A descida do Espírito Santo, que marcou o fim deste mundo, ou melhor, o início de seu fim, seus últimos dias.
O fim de uma era e o início de outra.
Mas a inauguração desse novo reino teve alguma consequência?
4. Mas qual a relação dos últimos dias com a perseguição da Igreja?
Como fazemos parte de outro reino, a consequência mais óbvia resultante disso seria sermos odiados por este mundo:
João 15.18-19: “18 Se o mundo vos odeia, sabei que, primeiro do que a vós, me odiou a mim. 19 Se vós fôsseis do mundo, o mundo amaria o que era seu, mas porque não sois do mundo, antes eu vos escolhi do mundo, por isso é que o mundo vos odeia”.
Mais qual o motivo desse ódio?
Jesus Cristo é o motivo, como vemos aqui:
2 Timóteo 3.12: “De fato, todos os que desejam viver piedosamente em Cristo Jesus serão perseguidos”.
E aqui também:
Mateus 24.9: “Então eles os entregarão para serem perseguidos e condenados à morte, e vocês serão odiados por todas as nações por minha causa”.
Se Jesus sofreu e morreu por nós, então é justo que soframos também, como Ele nos lembra bem aqui:
João 15.20: “Lembrem-se das palavras que eu disse: Nenhum escravo é maior do que o seu senhor. Se me perseguiram, também perseguirão vocês. Se obedeceram à minha palavra, também obedecerão à de vocês”.
E também aqui:
1 Pedro 4.12-16: “12 Amados, não se surpreendam com o fogo que surge entre vocês para prová-los, como se algo estranho estivesse acontecendo. 13 Mas alegrem-se à medida que participam dos sofrimentos de Cristo, para que também, quando a sua glória for revelada, vocês exultem com grande alegria. 14 Se vocês são insultados por causa do nome de Cristo, felizes são vocês, pois o Espírito da glória, o Espírito de Deus, repousa sobre vocês. 15 Se algum de vocês sofre, que não seja como assassino, ladrão, criminoso, ou como quem se intromete em negócios alheios. 16 Contudo, se sofre como cristão, não se envergonhe, mas glorifique a Deus por meio desse nome”.
Observe a seguinte frase extraída do texto acima: “Se vocês são insultados por causa do nome de Cristo, felizes são vocês, pois o Espírito da glória, o Espírito de Deus, repousa sobre vocês”.
O fato de sermos perseguidos, por causa de Cristo, é motivo de alegria, pois significa que o Espírito Santo está em nós.
Ao longo dos séculos, desde a ressurreição de Cristo, a perseguição tem sido a marca registrada da igreja pelo mundo, incluindo no presente, pois a graça salvadora já se manifestou (Tt 2.11) e fazemos parte dela, pois nos levará a nossa verdadeira pátria (Hb 11.13-16). Não pertencemos a este mundo, por isso o mundo nos odeia (Jo 15.19). Para este mundo o que lhe resta são seus últimos dias, seus últimos suspiros. Então até que o fim venha, nossa missão é ser Sal e Luz para este mundo, pois “todo aquele que invocar o nome do Senhor será salvo”.
É óbvio, portanto, que se a igreja não é perseguida, então tem alguma coisa errada com ela.
5. As eras antigas
Pra finalizar, como os últimos dias podem já durar dois mil anos?
É tempo demais!!
Se a Terra realmente tiver seis mil anos, como alguns dizem, então realmente dois mil anos é muita coisa, mas acredito que o mundo não tem essa idade, ele é um pouco mais antigo, talvez centenas de milhares de anos, milhões ou bilhões.
O dilúvio marcou o fim de outra civilização (ou você acha que Deus iria “reiniciar” o mundo por causa do pecado de meia dúzia de pastores de ovelhas?). Logo, muito tempo se passou até que aquela civilização tivesse seu início, meio e fim.
Após o dilúvio, ocorreu o desenvolvimento das raças humanas atuais e o início de nossa civilização, isso evidencia obviamente uma longa passagem de tempo.
Sim, muito tempo já passou! Muito mais que seis mil anos.
Estima-se que a idade de nosso planeta seja de mais de quatro bilhões de anos.
Mas agora é o último ato!
Mas alguém pode dizer: “os descendentes de Adão, com suas idades correspondentes, provam que a Terra tem seis mil anos”.
Será que prova?
Nem toda lista de descendentes na Bíblia é apresentada com a genealogia completa, às vezes são citados apenas os nomes principais de cada linhagem, pois nem todo personagem bíblico tem a mesma relevância de outro.
Quer um exemplo?
Vemos isso na lista de nomes em Mateus 1. Nesta lista consta a genealogia de Cristo, começando por Davi até José, o carpinteiro, incluindo todos os reis de Judá. Entretanto Acazias, Joás, Amazias e Jeoaquim, que também foram reis de Judá e igualmente fazem parte da genealogia de Cristo, foram deixados de fora da lista.
O reinado desses reis ausentes, somados, corresponde a 81 anos. Mas aparentemente não foram considerados relevantes para constar na lista.
Veja só!
a) A Lista de Mateus 1 diz que Jorão gerou Uzias.
Uzias foi de fato descendente de Jorão, entretanto não era seu filho, mas seu trineto.
O filho de Jorão foi na verdade Acazias, que reinou 1 ano em Judá e foi sucedido por seu filho Joás (após recuperar o trono usurpado por sua avó Atalia) e reinou 40 anos, depois passou o reino para seu filho Amazias, que reinou por 29 anos.
Amazias, bisneto de Jorão, é que foi o pai de Uzias.
Os reinados somados desses reis omitidos dão 70 anos.
Mas ainda tem outros nomes omitidos.
b) A Lista de Mateus 1 também diz que Josias gerou a Jeconias.
Josias, na verdade, foi avô de Jeconias, sendo que três de seus filhos também foram reis de Judá.
Veja:
Josias teve três filhos que foram reis de Judá, a saber: Jeoacaz, que reinou por três meses; Jeoaquim, que reinou por 11 anos; e Zedequias que também reinou por 11 anos.
Jeoaquim é que foi o pai de Jeconias, sendo que este reinou apenas por três meses e foi levado cativo para a Babilônia e seu tio Zedequias (filho de Josias e irmão de Jeoaquim) ficou reinando em Judá.
Com isso podemos ver que muitas genealogias na Bíblia nem sempre correspondem a uma linhagem direta, de pai para filho, mas, às vezes, o filho de alguém não é realmente filho, mas um descendente distante.
É possível que os personagens bíblicos, que viveram antes do dilúvio, realmente tenham vivido por séculos (Matusalém viveu 969 anos, por exemplo). Mas é possível também que na genealogia antediluviana, entre um nome e outro, possam ter existido outros descendentes não citados. Linhagens inteiras podem ter ficado de fora, por exemplo.
Assim, concluindo, nós temos por hábito usar o tempo de uma vida humana como referência cronológica, testemunhamos pessoas nascerem e morrerem ao longo de nossas vidas, isso faz parecer que dois mil anos referem-se a um tempo demasiado longo, pois a vida humana é curta. Mas para Deus mil anos é como um dia (2Pe 3.8).
Os últimos dois mil anos são, de fato, os últimos momentos da Terra, após um período bem longo de existência.
Tudo tem seu fim, menos para a eternidade!
É isso!
Graça e paz!
Christian Brito
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